Blog WoodFlow Dólar encerra junho em queda e registra pior início de ano em mais de meio século
02 de julho de 2025
O dólar comercial encerrou o mês de junho cotado a R$ 5,4350, com uma queda de 0,88% no último pregão do mês, atingindo o menor patamar desde setembro de 2024. Com esse desempenho, a moeda norte-americana acumulou uma desvalorização de cerca de 5% no mês e fechou o primeiro semestre de 2025 com queda de aproximadamente 12% frente ao real, marcando o pior começo de ano para o dólar em mais de 50 anos, segundo análise publicada pelo InfoMoney.
Fonte: Valor Econômico
De acordo com reportagem do Valor Econômico, o movimento de queda foi impulsionado principalmente pelo cenário internacional, com destaque para as expectativas crescentes de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) comece a reduzir os juros ainda em 2025. A possibilidade de cortes nas taxas americanas diminui a atratividade do dólar como investimento, favorecendo moedas de países emergentes como o real.
Outro fator que contribuiu para a fraqueza do dólar foi o ambiente fiscal dos Estados Unidos. Como aponta o próprio InfoMoney, o aumento expressivo da dívida pública americana e a percepção de desequilíbrio nas contas do governo têm pressionado negativamente a moeda norte-americana. Além disso, a redução no prêmio de risco global e a busca por diversificação por parte de investidores internacionais beneficiaram mercados emergentes, incluindo o Brasil.
No cenário doméstico, a manutenção da taxa Selic em patamar elevado tem estimulado o ingresso de capital estrangeiro no país, o que também colaborou para a valorização do real. Ainda segundo o Valor, a formação da Ptax — taxa usada como referência no mercado cambial — no fim do mês contribuiu para intensificar o movimento de baixa, com exportadores e investidores pressionando as cotações para baixo.
A análise do InfoMoney ressalta que o resultado do semestre surpreende pelo tamanho da queda. Desde janeiro, o dólar saiu de níveis acima de R$ 6,00 e atingiu em junho seu menor valor em nove meses. A combinação de fatores internos e externos criou um ambiente favorável ao real, que foi uma das moedas que mais se valorizou no período entre os emergentes.
Para os próximos meses, a expectativa é de continuidade do movimento de apreciação do real, ainda que em ritmo mais moderado. O Valor Econômico destaca projeções como a do economista Cristiano Oliveira, do Banco Pine, que vê o dólar em torno de R$ 5,33 até agosto, impulsionado pelos fluxos positivos e pela perspectiva de afrouxamento monetário nos Estados Unidos. Já Alex Lima, da DA Economics, reforça a estimativa de um câmbio mais favorável ao real no segundo semestre, em função da atratividade dos juros domésticos e do ambiente externo mais benigno.
Apesar das projeções otimistas, os analistas também alertam para possíveis fatores de risco que podem interromper a trajetória de queda. Entre eles, estão o agravamento das tensões comerciais globais, surpresas na política monetária americana e eventuais instabilidades fiscais no Brasil.
Com a queda expressiva registrada no primeiro semestre de 2025, o dólar volta a operar em níveis mais próximos dos observados antes das turbulências cambiais de 2023 e 2024. A tendência de valorização do real, no entanto, dependerá da manutenção da confiança dos investidores no cenário econômico doméstico e da evolução das políticas monetárias nas principais economias globais.
01 de julho de 2025